sexta-feira, 8 de maio de 2009

Umami: O sabor da maternidade

Na linguagem formal, sabor é a propriedade das substâncias que afetam o sentido do paladar. Já na linguagem coloquial, sabor é a propriedade dos sentimentos. Nas duas linguagens, os seres humanos reconhecem cinco tipos de sabores: doce, amargo, azedo, salgado e o menos conhecido, umami.
Umami é o sabor característico de certos aminoácidos e não pode ser reproduzido por qualquer outra combinação dos outros quatros sabores.
Embora a maternidade possua uma mescla de sentimentos, opiniões e posicionamentos, requerendo da mãe posturas doce, amarga, azeda e salgada, isso é apenas cotidiano.
Há uma diferença entre o sentimento de uma mãe por um filho e de uma pessoa por outra. Somente a maternidade possui o quinto sabor, o amor incondicional e poético, capaz de iluminar os ambientes mais escuros, que vai além de qualquer outro sentimento, que é singular e ébrio.
É comum explicações científicos da dependência de um filho por uma mãe, mas o que a ciência não explica é a dependência oculta e poética da mãe por um filho. Tornar-se mãe é como ganhar novos membros e a cada percurso inexato, tristeza ou momento de dificuldades de um filho é como falhas nesses membros.
Como dizer a uma mãe que seu filho não é o mais lindo do mundo, que seu sorriso não ilumina, que seus olhos não guiam? Se a verdade é que uma pessoa pode não ter todos esses atributos, mas o filho tem, filhos sempre tem.
Tão grande é a entrega, a intensidade, a dependência e o medo, que a maternidade possui uma certa solidão. O amor de mãe é solitário, pois sabe que apenas ela ama o filho de tal forma.
E, por esta razão, o sabor da maternidade é umami, nem mesmo a união de todos os outros sabores e/ou sentimentos resulta nele.
È insana esta forma de amar, em que ama-se mais do que o alcance da compreensão e vive-se para que cada segundo de uma outra vida seja feliz e cada felicidade pareça eterna.

Tiara Sousa