Houve
um tempo em que crianças eram crianças, e medos passageiros, e sonhos
respeitáveis. Houve, não há mais, não há mais nada, só lustres em mansões,
idosos em praças, conselhos em garrafas, gente doendo socialmente, intimamente,
gente suportando o insuportável, gente esquecendo que é gente, e eu não posso
dormir, nem mesmo ao seu lado.
E
é por isso que te prometo nada, nenhum recato, nenhum laço, nenhuma vista,
nada. Não posso te dar o que não é meu, eu.
Então
fujo do que me faz delirar, e do que o encanta, e do que não o encanta, e do que
um dia já nos encantou, e até do vento.
Entre
beijos e respirações ofegantes nada é verdadeiro, que não passageiro, nada é
tudo, embora pareça. Eu sei, eu vi, eu senti! Gozamos um inferno de sentimentos
nobres, gozamos um céu de sensações torpes, onde tudo de bonito se resume a
duas doses de sede e uma tragada de fome.
Eu
vejo o mundo, e a nossa dor se completa, por que eu conheço quando uma dor é
inteira, porque eu conheço o último riso, o último choro, eu conheço até o que
ignoro, até o que não me cerca.
E
é por isso que te prometo nada, nenhuma aventura, nenhum risco, nenhum orgasmo,
nada. Não posso te dar o que não é meu, eu.
Houve
um tempo em que crianças eram crianças, e medos passageiros, e sonhos
respeitáveis... E eu não posso dormir, se não for ao seu lado... E é por isso
que te prometo nada... Não posso te furtar o que sempre foi teu, eu. Tiara Sousa