Descobri
há pouco tempo que detesto os tons pastéis, eles são omissos, e tornam tudo em
sua volta igualmente omisso, é que o que eu detesto mesmo é a omissão. Sinto
frustrar quem espera deste blog um texto claro e objetivo sobre as razões de eu
ser contra o impeachment, contra os modos antidemocráticos e duvidosos do Juiz
Sérgio Moro, contra a oposição aproveitadora, oportunista e golpista, mas é que
alem de eu (pessoalmente falando) não ser clara e objetiva nunca (nunca mesmo),
já tem muitos textos com essas características por aí, em sites e blogs mais
famosos, contundentes e interessantes do que o meu, e não tenho nem a pretensão
de doutrinar e influenciar quem quer que seja, deixo isso pra mídia e pra
oposição, e nem a pretensão de educar político, social e culturalmente as
pessoas, deixo isso a critério dos intelectuais (de esquerda ou não), eu apenas
não consigo ser omissa.
Há
um tempo atrás um cara me disse que tava aprendendo a me amar, o achei
ignorante, tolo, abominável e disse a ele: - Eu não sou amável, não sou
encantadora, não sou surpreendente, e conviver comigo é um caos no marasmo, mesmo
assim é fácil me amar, se tiver um Q.I razoável. Ele não entendeu porra
nenhuma, nunca mais o vi, deve estar assistindo o Jornal Nacional agora,
jurando estar bem informado.
Tenho
consciência que a maior parte das pessoas gostam de estar cercadas de outras
pessoas, e eu, gosto da solidão de um quarto vazio, um cigarro, e a multidão
que povoa a minha cabeça, desde que permaneça na minha cabeça. Não sou tão sensível
quanto aparento em alguns dos meus textos, é que por vezes a sensibilidade soa
tão superficial quanto os rótulos. Eu sou egocêntrica demais pra me encaixar em
qualquer bando, olho em volta e me acho superior a 90% do mundo, não, eu não
sou tão convencida, é que as pessoas estão fúteis demais, tá tudo fútil demais
e as fronteiras só evidenciam tais extremas futilidades.
Mas
eu não sou superior né? Sou apenas mais alguém mesquinha, pequena e egoísta,
viciada em analgésicos, cigarros, observações e fantasias, que morre de
preguiça de debater com os mais intolerantes e os menos instruídos, e que se
cala, por se achar a tal. No fundo eu respeito a opinião alheia, mesmo que divergente
a minha, e sei que não tô sempre certa, afinal nunca consegui ser povo, mesmo
tendo sido povo a vida inteira. Quanto mais egocêntrica sôo, mas banal eu me
torno, porque talvez a mim seja interessante e baste trajar uma camisa vermelha
sozinha, mas não é, sempre vou precisar que outros trajem comigo, isolados não
vencem batalhas, as batalhas são vencidas de mãos dadas.
Quando
eu tinha nove anos, uma professora me pediu pra ler a minha redação na frente
da turma, porque ela tinha gostado, eu queria, mas não soube dizer não,
levantei da carteira e tremendo como um alcoólatra em abstinência, comecei a
ler, e quanto mais lia, mais despida me sentia, acho que aquela sensação nunca
passou, só escrevendo eu estou nua, então não julguem a flacidez das minhas
palavras, ou as gorduras localizadas nelas, nem mesmo suas celulites e estrias,
pois por pior que elas soem, elas soam, e tudo o que pretendo com elas é que
pensem, e tirem suas próprias conclusões, mas pensem, pensem mesmo.
Diferente de muitos
discursos e opiniões as quais algumas eu respeito e outras são apenas
insegurança de dizer o que acha e achar o que acha, falando ser contra o impeachment,
mas também contra o governo Dilma, e não gostar ou simpatizar com o PT, a minha
é diferente. Eu sou contra o impeachment, a favor do governo Dilma, e gosto e
simpatizo com o PT, detesto os tons pastéis, eles são omissos, e tornam tudo em
sua volta igualmente omisso, eu visto vermelho, isso não me torna menos
brasileira e nem mais egocêntrica. Isso não me torna nada, já sou suficiente. Mas quem divergir de mim,
não leve para o lado pessoal (eu não levo), é que eu não sou amável, não sou
encantadora, não sou surpreendente, conviver comigo é um caos no marasmo, mas mesmo
assim é fácil me amar, se tiver um Q.I razoável, é claro. Tiara Sousa