É preto e branco, o mundo em
que te conheci, como se das cores tivesses sido furtado, ou tivesses fugido pra
outro lugar. É que ainda não vivestes tanto, e que teu nome rima com o nome do
meu filho, que agora brinca com carrinhos enquanto você protesta ou beija as
meninas que eu nunca, nem quando menina pude ser, já que em mim nunca nada foi
traduzível.
É que nesse lugar onde moras,
não tem moldura, nem se revela, nem combina com a minha falta de rimas, e a minha
sobra de sorrisos tristes. É que o teu abdômen é a única coisa em ti solitária,
é que o teu abdômen combina com os meus olhos.
Enquanto tu ignoras o que
faltou para o dia ser perfeito, eu procuro com esmero as imperfeições do dia,
por que sem dor eu não construo frases, e sem construí-las eu seria apenas mais
uma dessas moças simples e óbvias que você já teve em seus braços.
Necessito que venhas
urgentemente ao meu encontro, mas que venhas num dia de chuva, eu já te imaginei
na chuva e seria cruel me furtar esse delírio. Necessito que se vá cedo, por
que tarde, passas a ser não mais somente essa imagem preta e branca que eu
condicionei a ser somente minha, deixas de ser por enquanto e por inteiro.
Não precisas demonstrar esse
despudor, essa necessidade de auto afirmação, esse convencimento fingido, essa
popularidade vazia, nem esse olhar maliciosamente puro. Eu te quero cru, sem
requintes que não sejam naturais, te quero com a camisa amarrotada e cheiro de
plantas, te quero agora e pra ontem, mas não quero que fiques para sempre, meu
para sempre já ficou e já partiu, e o nome dele rimava com o céu. Tiara Sousa