sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ressalvas de uma feminista

Devo informar-lhe meu caro rapaz que as regras mudaram e que só aceitarei o seu "eu te amo" se estiver convicto do que sente. Informo também que o proíbo de pensar em mim ouvindo música ruim ou assistindo a filmes franceses, por melhor ou mais renomado que seja o diretor, é que eu gosto de música boa e filme ruim, adoro bossa nova e comédias romanticas americanas, não posso e nem quero fazer nada a esse respeito. Peço encarecidamente que exagere nos elogios mas me poupe dos apelidos melosos, sou mulher, não idiota. Também acho de extrema importancia que não investigue meu passado, certamente haverá coisas nele que irão te deixar inseguro e em contrapartida ainda mais apaixonado, meus desencantos sempre encantaram mais que os meus encantos. Devo assegurá-lo desde já que gosto mais da noite que do dia, então a menos que queira me irritar não me acorde de madrugada para ver o sol nascer, apenas me convide para ver o sol se pôr, é muito mais romantico e eu certamente terei um bom humor com o qual apreciar o momento. Não enxergue em mim uma boa cozinheira, dona de casa ou vaidosa, pois definitivamente não possuo nenhum desses atributos, enxergue apenas o bom ser humano que sou e contente-se com isso, pois realmente acho que é mais do que suficiente. Ainda que seja organizado, tranquilo e sociável, não espere nada disso de mim e principalmente não tente me mudar, a bagunça é o meu porto seguro, a tranquilidade me deixa ociosa e ainda que eu quizesse não seria sociável, no meu mundo sempre couberam muitos sentimentos e poucas pessoas. Se mesmo e apesar de todas essas ressalvas ainda sentir a necessidade de dizer que me ama, me ame primeiro e fale depois, pois creio que vá querer ser correspondido, e em minha vida sempre fiz primeiro e senti depois, talvez porque o principio da minha consciência seja meu corpo. Tiara Sousa

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Despudorado Carnaval

Observem a juventude seduzindo através dos sorrisos, dos beijos demorados, dos corpos suados. Vejam como se insinua, nua e sem pudor. Serão as batidas das músicas ou dos corações, serão as cores na avenida, o samba nos pés ou simplesmente a contemplação do momento? Ainda há no mundo miséria, desamor, injustiça, crime, mas quem é que vai lembrar das dores da vida, quem é que vai chorar as perdas da humanidade no desfile das escolas de samba, atrás dos trios elétricos, em meio aos blocos, QUEM? É tão mais fácil ser feliz trajando fantasia, é como confundir-se com a própria ilusão e simplesmente tornar-se aquele personagem de filme que tanto fantasiou que seria. Lembra-se que há vários momentos em que sente-se livre, em meio a natureza, no mar, fazendo amor, mas apenas sente-se, pois só se é livre de fato atrás de uma mascara, dançando, cantando e compartilhando com boa parte do mundo a liberdade de poder ser quem quiser, até você mesmo. Estudiosos tentam descobrir o que há nessa festa, que chama tanta atenção, que provoca tanto reboliço, que causa tanto alvoroço, tentam, não conseguem. Sabem que no Reveillon se comemora um novo ano, no Natal os cristãos comemoram o nascimento de cristo, no aniversário mais um ano de existência, nas bodas o tempo e o sucesso de um casamento, mas e no carnaval, o que se comemora? Não adianta tentar decifrar o carnaval, nem introduzir a este moralismo de qualquer natureza ou vesti-lo de longo. É despudorado e pronto, quem disse que pudor é inocência, se as crianças de tão inocentes andam nuas pela casa, o carnaval ainda deve estar na infância. E a beleza dele está no mistério, no encanto, no ato de milhões de pessoas saírem da sua casa para comemorar nada além do fato de sair de casa para comemorar. Tiara Sousa

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Corações comunistas

Não há que se sentir a fome dos que tem fome e sim lutar pelo fim da fome, nem mesmo que se mendigar moeda, justiça, emprego, saúde, saneamento, moradia, transporte, respeito, é direito humano ter o básico , e se não tem é desumano e aí, bom, aí tá tudo errado. Errado o sistema, a droga do capitalismo, droga sim, vicia é droga, prejudica é droga, mata é droga e o capitalismo faz tudo isso. Errada até a hora que o sol nasce ou a imagem da linha do horizonte, é erro de fazer a paisagem perder o sentido, de fazer muita nação chorar. É aí que surge a proposta, o desejo de mudança, o protesto, a busca por melhorias sociais, políticas e economicas, é bem aí, na constatação do erro que surge um ideal(Comunismo) , um idealista(Karl Marx), uma idéia(a criação de uma sociedade sem classes sociais). E depois disso vários corações começaram a bater forte e na mesma sintonia e foram encontrando-se pelo decorrer da história. Mas sempre haverá alguém pra dizer que comunista é alienado, louco, sonhador, incapaz, há até quem diga que comem criancinhas. Desconhecem a história, chamam Lenin de revoltado, não reconhecem sua importância para a história recente e o desenvolvimento da Rússia; Chamam Stálin de louco, ignoram que sob a liderança dele, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazista e na Segunda Guerra Mundial; Chamam Trotsky de ditador, logo ele que fundou o Exército vermelho. E óbvio que chamam Che de assassino, fecham os olhos para o revolucionário que foi, suas ações e idéias e o papel fundamental nas lutas do Terceiro Mundo para libertarem-no do jogo do imperialismo e a modificação para tornarem melhores as estruturas sócio-econômicas vigentes. Não admitem que as idéias e a prática de Guevara abrangem muito da vida política contemporânea. A verdade é que não importa quantas rivalidades e/ou equivocos podem haver no decorrer da história que envolve o comunismo, o que importa é que nós que acreditamos na revolução, no fim do capitalismo e de todas as extremas desigualdades socias, sempre teremos um sentimento de mudança, uma não aceitação da realidade definitiva, um desejo de dignidade social, capaz de fazer nossos vermelhos corações comunistas palpitarem como se fossem um só coração. Tiara sousa

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ás vezes, solidão

Ás vezes nós escolhemos ficar em casa, apreciando a vista pelas grades da janela, presos no próprio íntimo, cultivando-se. E nos plantamos para florescermos, fortificarmo-nos, porque a solidão, apesar de vista sempre como algo negativo, pode ser uma escolha momentânea , e quando é, funciona como a água que faz a planta se desenvolver, é esta que dá andamento ao processo de autoconhecimento, entendimento e amadurecimento humano. É que enquanto nos recolhemos, o mundo gira, os outros vivem, o tempo corre, assim como deve ser, porém e apesar da impressão equivocada de que paramos no tempo, a verdade é que sós percorremos o nosso mundo interior, pausamos para encontrar os alicerces para seguir com mais segurança nosso caminho. Ás vezes preferimos ser espectadores, renunciamos à intensidade, ao impulso, a participação em favor de uma paz que apenas habita no comodismo da clausura. E nos permitir esse (ás vezes) não é reinvindicar das possíveis próximas experiências, nem perder tempo, é sim adiá-las para que quando aconteçam estejamos preparados, para que quando sairmos da proteção ímplicita nas fechaduras das portas de nossas casas, os outros, os acontecimentos, não nos amedrontem, não nos paralisem, não nos derrubem. E então quem sabe um dia todos possam se permitir momentos coerentes de solidão e essa palavra possa ser dita suavemente e sem temor, assim como dizem saudade e como dizem amor. Quem sabe? Ás vezes. solidão. Tiara Sousa