segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Enquanto choro

O que é tão bonito, que não possa ser real? O que é tão feio, que não possa ser fantasia? Tudo o que vejo são flores murchas, numa cidade poluída, sob a luz de uma lua que nunca vai me corresponder. E quem, com que direito, criou esses filmes, novelas, seriados, romances literários, que tanto me fazem chorar? Quem permitiu que a fantasia me entorpecesse tanto, a ponto de me deixar com a impressão egoísta de que está tudo estático na cidade, pra que essas lágrimas intermitentes condenassem meus olhos ao exibicionismo de uma frágilidade que sempre prefiri esconder.
E porque mesmo com tantas histórias inventadas sobram lágrimas para a realidade, de quem foi o discurso sinico do romance épico que nunca chega ao momento vivido, que tem que ser assistido e desacreditado, e porque sabendo disso e abstinente da ignorancia dos inocentes ainda choro, como se sofresse a dor de um personagem que sei que saiu da imaginação de alguém capaz de chorar como eu.
Mas sei que enquanto choro pela fantasia do outro, esqueço de chorar por mim, pelo real, e sei que enquanto paro a vida para ler, ouvir ou assistir as invensões, a vida corre dentro de mim, pois nenhuma arte é vã e sempre haverão livros, novelas, filmes, pinturas, pra me fazer mais humana e menos fisica, enquanto choro.
Tiara Sousa

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