terça-feira, 5 de junho de 2012

Entre paixões e ciências


Quem nunca se apaixonou, nunca perdeu o amor próprio, cutucou as feridas, conheceu a loucura, não sabe dos motivos das ruas cheias de coisa alguma, dos corações vazios de dias de sol. Toda paixão é insana, é sofrida e precipitada, porém toda paixão é nenhuma, nada, qualquer coisa familiar, descritível, explicável. Dizem que apaixonar-se é como perder os sentidos, humildemente discordo, a paixão é ter todos os sentidos ativados e entrelaçados, e se pensa com o corpo, se sente com a mente, se fere com a ausência, se entorpece com a proximidade, se toca com os olhos, sobretudo se permite, se consente, se consome.
Recentes pesquisas cientificas afirmam que a duração da paixão varia entre alguns meses até 2 ou 3 anos, que há um elemento químico chamado neurotrofina, que provoca o desejo e que com o passar do tempo a quantidade dessa substância diminui. Não sei ao certo sobre os argumentos científicos, não estudei sobre essa tal substancia e ainda não vivi o suficiente pra dizer o que passa e o que fica com o tempo, mas creio que sentimentos são intensos demais pra serem medidos com elementos químicos, ciências exatas, conhecimento frio. Prefiro acreditar na química que não se explica, na atração que não respeita a mente, no olhar que procura o outro e provoca sorrisos, nos corpos que envelhecem juntos, nos corações acelerados e sem prazo pra acalmar.
Com todo respeito aos cientistas, estudiosos, curiosos, entre outros, há doenças sem cura, remédios ineficazes, paralisias, cegueira, vícios.  Portanto parem de assombrar as ilusões das pessoas, nesse mundo já tem dores demais, parem de classificar nossas sensações, desejos, preferências. Não preciso saber porque o sol nasce, a lua aparece, as folhas balançam ao vento, os pássaros cantam, prefiro ver essas belezas e ouvir esses sons sem tabelas e artigos científicos do lado. Principalmente não quero saber o porque da paixão, ou se vai durar um dia, um ano, a vida inteira, enquanto sentimos é para sempre, é cor de rosa, é ébrio, é forte e pra que tentar explicar, pra que dizer que o que faz um apaixonado sentir-se assim são diversas substâncias cerebrais liberadas, pra que dar nome as oscilações de humor, isso não vai mudar o que sentimos.
Prefiro dormir pensando que entre guerras e egoísmo, muitas pessoas no mundo poderão sentir-se assim e que entre estas, algumas, talvez sintam-se assim até os últimos dias de suas vidas. Apenas por esse motivo entre paixões e ciências, ainda prefiro as paixões. Tiara Sousa

Um comentário:

Alternativo disse...

Obrigada a todos os leitores, por terem feito desta postagem a 2ª mais lida do Alternativo.