domingo, 14 de julho de 2013

BRIGA DE CASAL

Passou. Os seus olhares já não me despem mais, sua poesia já não me furta, o seu sorriso já não me alegra, as suas palavras bonitas já não me interessam.
Passou. Aquele futuro que eu programei para ser ao seu lado, joguei fora os filmes românticos que me algemavam a tua alma preta e branca e ao teu desejo incolor e incólume.
Passou. Os seus concertos já não me desconcertam mais, sua virilidade já não me contém, o seu risco já não me excita, os seus métodos já não me incorporam.
Passou. Aquele disco antigo que eu comprei para ouvir ao seu lado, doei o romantismo que me cegava para um mendigo que implorava as dores e as sensações que eu tinha de sobra.
Passou. Não mais me interessei pelos teus modos démodés, não mais tentei achar tuas qualidades, não mais procurei a tua nobreza, deixei de acreditar em Papai Noel e voltei a ler jornais.
Passou. O amor das cartas de amor que eu escrevi e nunca enviei, as lingeries que eu comprei e vesti só pra você tirar, os raios de Sol que o guarda-Sol cobriu.
Passou. O desejo sem fim, a vontade sem meios, o gosto sem começo.
Passou. Agora tenho apenas o mundo inteiro, onde eu inteira não tento mais me encontrar em ti. Tenho apenas sorrisos de sobra, e olhares de sobra e fome de sobra de conhecer tudo o que a minha paixão me furtou, além de umas contas pra pagar e um monte de coisas bem resolvidas pra complicar.
Passou meu bem, e é pra nunca mais. Até cessar a minha ira e eu voltar a achar que é pra sempre. Tiara Sousa

2 comentários:

Uma nota disse...

Profundo...
Será que tudo passa mesmo? Eis o mistério de nossas vidas!!!
Parabéns Tiara!!!

Alternativo disse...

Obrigada!!! Creio que mesmo o que passa, fica, de algum modo, em algum lugar.