domingo, 29 de setembro de 2013

EU TE PROMETO NADA

Houve um tempo em que crianças eram crianças, e medos passageiros, e sonhos respeitáveis. Houve, não há mais, não há mais nada, só lustres em mansões, idosos em praças, conselhos em garrafas, gente doendo socialmente, intimamente, gente suportando o insuportável, gente esquecendo que é gente, e eu não posso dormir, nem mesmo ao seu lado.
E é por isso que te prometo nada, nenhum recato, nenhum laço, nenhuma vista, nada. Não posso te dar o que não é meu, eu.
Então fujo do que me faz delirar, e do que o encanta, e do que não o encanta, e do que um dia já nos encantou, e até do vento.
Entre beijos e respirações ofegantes nada é verdadeiro, que não passageiro, nada é tudo, embora pareça. Eu sei, eu vi, eu senti! Gozamos um inferno de sentimentos nobres, gozamos um céu de sensações torpes, onde tudo de bonito se resume a duas doses de sede e uma tragada de fome.
Eu vejo o mundo, e a nossa dor se completa, por que eu conheço quando uma dor é inteira, porque eu conheço o último riso, o último choro, eu conheço até o que ignoro, até o que não me cerca.
E é por isso que te prometo nada, nenhuma aventura, nenhum risco, nenhum orgasmo, nada. Não posso te dar o que não é meu, eu.
Houve um tempo em que crianças eram crianças, e medos passageiros, e sonhos respeitáveis... E eu não posso dormir, se não for ao seu lado... E é por isso que te prometo nada... Não posso te furtar o que sempre foi teu, eu. Tiara Sousa


Nenhum comentário: