terça-feira, 10 de abril de 2012

Enquanto houver tempo

Ainda há tempo de colorir os cadernos, inventar formas com massas de modelar e colecionar tampas de refrigerantes. Há tempo de temer a entrega do boletim, esquecer o dia da semana e esconder-se atrás de super-heróis e princesas. A infância não acabou. Ainda há tempo de colecionar fotos de artistas, se apaixonar por professores, fantasiar ou realizar com os populares da escola e amar perdidamente quem sequer se tocou. Há tempo de ler os horóscopos todos os dias, fazer testes de revistas teens e prever que o final do mundo é não ir a uma determinada festa ou a um show. A adolescência não acabou. Ainda há tempo de conhecer lugares novos, de mudar de opinião, de assimilar informações, de se encontrar em amores, de protestar, de gerar vida. Há tempo de cultuar a natureza, temer um primeiro encontro ainda que seja o centésimo primeiro encontro da vida, fazer amor pela manhã e aprender com os erros e os finais. A juventude não acabou. E se acabarem a infância, a adolescência e a juventude, ainda haverá tempo para lembrar dos cadernos coloridos, das paixões por professores, dos lugares que conhecemos. Ainda haverá um dia que seja para produzirmos lembranças e contarmos histórias e nos descobrirmos numa vida que nunca sabe do tempo e mesmo assim sempre perceber que ainda há tempo, enquanto aguardamos a beleza do nunca decifrado amanhã. E enquanto houver tempo, haverão sorrisos e choros e verdades e vida, e teremos tanto que o tempo há de passar grande como o amor, simples como o gostar, real como a dor e completo como o toque. Tiara Sousa

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