quarta-feira, 25 de abril de 2012

Como citou Décio Sá

Vamos chorar pelo mundo, pelas paisagens modificadas, pelos sons abafados, pelos romances terminados, pelos sonhos deixados de lado, pelos lugares que passamos, e só passamos, e passamos sós. Vamos sentir o ferimento no peito, a mente desolada, o pensamento triste, a lágrima que não coseguimos conter, a procura do dia perfeito ou do perfeito no dia e a sensação infeliz de não encontrar. Vamos nos esconder dessa gente cruel, das ofensas, dos tormentos, do cotidiano, vamos ficar em casa fazendo de conta que não existem fantasmas em paraísos, e que existem paraísos. Vamos cantar canções de ninar para nossas crianças, que de tão puras já nasceram sabendo preocupar. Vamos ouvir canções de poucas notas, ler livros de poucas páginas, nos acomodar com programas de TV de pouco conteúdo e nadar em rios de solidão. Vamos olhar em volta, não há perfeição, nem dores sãs, nem mesmo sonhos pequenos. Há, os filhos que tivemos, os dias que vivemos, as vírgulas e os pontos dos romances que passamos e que passaram, ou ficaram, e a multidão vazia do que é de fato importante. Vamos realmente olhar em volta, não há beleza em Festivais de Rock com estelionato, em jornalistas assassinados, em políticas injustas, nos altos índices de analfabetismo, na pobreza extrema, na sonegação, corrupção, militarismo, coronelismo. O que há é uma ilha chamada São Luís, um povo chamado dor, paisagens lindas e bandidos feios, dos quais nem podemos citar os nomes, como citou Décio Sá. Tiara Sousa

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