Temo parecer prepotente, confusa
e até leiga, mas como temo ainda mais ser hipócrita e omissa, devo admitir,
nesta eleição votarei em... calma, não tão depressa Pra lá com a esquerda
direita, com a direita errada, com o idealismo, com a fantasia e até com o
sonho, aquele sonho que eu cresci sonhando, mas que não me mantém em pé, que
não paga as minhas contas e pior ainda, não paga as contas do povo, que não
muda a cabeça das pessoas, que não melhora o mundo, que não dá fim ao
preconceito, que só discursa e discursa e discursa. É, eu sei, é um belo
discurso e de certa forma é o meu discurso também, mas é só um discurso, sem
curso, sem realidade, sem atualidade. Pareço da direita errada agora? Não se
enganem, eu serei uma eterna canhota política, mas isso não quer dizer que eu
não perceba as coisas, isso só faz de mim uma sentimental.
Havia uma criança no meio dos
comunistas, de braços dados com a mãe, toda esclarecida, falando do passado, do
presente e do futuro, fazendo boca de urna por convicção pelo centro de São
Luís, chamando a atenção dos adultos pela maneira madura de expor sua crença
num futuro melhor, sem diferenças, sem autoritarismo, sem desigualdade, pois é,
aquela menina sou eu (ou ao menos costumava ser), aquele futuro nunca chegou,
eu comemorei Lula, eu comemorei tantos e ainda tenho medo de assaltos, ainda
perco amigos para as drogas, ainda vejo gente passando fome, ainda sou
discriminada, ainda leio poemas pra não ter que sentir a dor de escrevê-los. O
meu país se tornou o Brasil da esquerda direita por nunca ter deixado de ser
aquele Brasil da direita errada, o meu partido, como disse Cazuza, é de fato “um
coração partido” e “as minhas ilusões estão todas perdidas”, e cá entre nós,
ser esclarecido é de uma confusão sem proporção, e aí as pessoas mandam
mensagens, e-mails, fazem provocações: __E aí moça, o 2º turno das eleições
pegando fogo e o seu blog não se pronuncia? A todos os pedidos de pronuncia, só
tenho uma resposta a dar, não é a que vocês gostariam de ouvir, mas é a que eu
tenho no momento: Eu me recuso a anular o meu voto, o voto é uma conquista
árdua para todos e ainda mais para mim, que além de cidadã, sou mulher e negra,
portanto dou a ele muito valor exercitando-o, e como tenho estado pouco
inspirada ultimamente, me pronuncio citando Cazuza: “Aquel(a) garot(a) que ia
mudar o mundo, mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro, em cima do
muro...” Ou seja, neste momento só o que posso dizer é que estou pensando para
quem votar no 2º turno, pensem também, anular o voto não deveria ser uma opção
e escolher não está tão fácil, nem tão óbvio como aparenta. Tiara Sousa
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