A lua é a mesma de anos atrás, nossos olhares
é que mudaram e se voltaram para ela, ou se desviaram. A lua é a mesma, nós
não. Alguma coisa ficou do passado, daqueles anos, daquelas noites, daqueles
sonhos, e tanta coisa se foi. Já nem sabemos mais dizer até logo sem medir as
palavras, nós esquecemos como é ser natural. Nós já não comemoramos mais os
raios de Sol invadindo as rótulas da janela, nós até esquecemos das janelas,
nós até esquecemos do Sol.
O mundo não está melhor, nada está melhor,
nós ainda procuramos olhares reconfortantes, nós ainda nos sentimos sós em
lugares lotados, nós ainda morremos de amor sem morrer, nós ainda lamentamos a
falta de coisas que nem sabemos o que são, nós ainda choramos desprotegidos.
Os anos passam, porém ainda sentimos vazios
que não se preenchem, ainda sorrimos querendo chorar, ainda perdemos e
sofremos, ainda há mais descrença no infinito, do que infinito nos sentimentos.
As dores cessam, as paixões terminam, o tempo
ensina e corre. Como o tempo ensina! Como o tempo corre! De repente a paixão
que era para sempre, foi só mais uma paixão, e a tristeza sem proporção, foi
somente um machucado. De repente, a gente cresceu e nada mudou, além de tudo o
que mudou dentro de nós, além de nós, nada mudou, a lua ainda é a mesma de anos
atrás, o mundo ainda não está melhor, nós ainda morremos de amor sem morrer.
De repente é esse o grande mistério, de
repente crescer é isso aí, é saber o que dói, por que dói e como dói, mas nunca
como fazer parar de doer. De repente crescer é só pensar que sabe de tudo, que
já passou por tudo, que já sentiu tudo, quando na verdade, nem mesmo em cem
anos se sabe, se sente e se passa o suficiente para não doer novamente, para
novamente não se morrer de amor, sem morrer. Tiara Sousa
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