sábado, 16 de fevereiro de 2013

Meu coração imaturo


“...Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo em mim...”
Caetano Veloso

Ainda não sei dizer Olá, sem carregar meus medos, que de tão imensos me fazem desviar dos olhares. Eu desvio dos olhares, mesmo quando procuro por eles, eu sempre me desvio deles.
Confronto-me todos os dias com o meu passado e com sentimentos infinitos e que inconcebivelmente tiveram fim. Conviver com o fim do infinito é mais triste do que ver que o que foi, nunca foi, nem nunca ficou.
Ainda não sei fingir que está tudo bem, mas também ainda não consigo gritar que está tudo péssimo, eu não tenho força alguma, sou uma criança amedrontada, no meio de sorrisos e choros que ainda não aprendi a definir.
Eu me defendo, me defendo quando calo e quando assustada me escondo dentro de um mundo que é só meu e no qual apenas ilusões e fantasias  entram sem pedir licença, nem fazer cerimonias.
Meu coração está apertado, esmagado, dilacerado. Eu sou uma caricatura da realidade da qual aprendi a fugir, eu fujo de tudo que acelera os meus batimentos cardíacos, e nunca a fuga é suficiente pra me manter alheia ao que me afeta. É que quase tudo me afeta.
Meu coração é ignorante, eu é que sei demais. Conheço as dores de todos, choro as perdas de todos, tenho em meu corpo todos os ferimentos e em minha biografia curativos insuficientes para sará-los.
Meu coração é impulsivo, eu é que sou comedida. Caminho devagar, meço as palavras, só vou a lugares conhecidos, temo portas abertas.
Meu coração imaturo aprendeu quase nada. E é tão errado, tão desmedido, tão inconsequente, que de tão machucado que foi, ainda não sabe como machucar. E só por tudo isso, ainda não sei dizer Olá, sem carregar meus medos, que de tão imensos me fazem desviar dos olhares. Tiara Sousa 

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