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“Maranhão
Meu tesouro, meu torrão
Fiz esta toada
Pra ti Maranhão.
Terra do babaçu
Que a natureza cultiva
Esta palmeira nativa
É que me dá inspiração...”
(Boi do Maracanã)
Meu
povo é preto, mesmo quando é branco, mesmo quando tem olhos azuis e cabelos
loiros, meu povo é preto.
Meu
povo chora e ri ao mesmo tempo, meu povo goza e anestesia a realidade, meu povo
sonha desafiando as estatísticas, meu povo ocupa favelas e sepulta filhos, meu
povo vê TV pra esquecer o que é furtado de viver.
Meu
povo é alegre, mesmo quando é triste, mesmo com fome, e cansado, e humilhado, e
só, mesmo com a barriga encostada na pia de lavar louças, mesmo carregando tijolos,
mesmo assim. Meu povo come feijão e arroz todos os dias que tem comida, e todos
os dias agradece a Deus pelo mesmo feijão, pelo mesmo arroz.
Meu
povo assisti á novela, pega coletivo, compra filme pirata e fala alto, pra que
os ouçam, se habituaram a falar bem alto, somente pra que os ouvissem. Meu povo
acredita em quase tudo que passa no Jornal Nacional.
Meu
povo vai á cultos e missas, faz novena e reza terços, paga promessa e chora
baixinho por ter alcançado uma graça, que pra alguns não é nada. Meu povo come
com colher, se embala em redes e cobre os espelhos com medo de trovões.
Meu
povo é preto, em Universidades ou embaixo de pontes, de terno ou sem camisa.
Meu povo é preto, como o passado tão presente, como o suor, como a noite. Meu
povo é preto, mesmo quando nãe é povo, mesmo quando não é preto, mesmo sem
documento, sem conhecimento, sem comida, sem justiça, sem segurança, sem
direitos. Meu povo é preto, mesmo quando é negro, mesmo quando é índio, mesmo
quando é branco, mesmo quando esquece que é preto, ainda assim meu povo
continua povo, e continua preto, e continua meu. Tiara Sousa
Na voz de Alcione, aos que quiserem ouvir a música, eis o link: Maranhão meu tesouro, meu torrão
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