domingo, 2 de março de 2014

“QUEIXO-ME AS ROSAS”... É CARNAVAL!

“Queixo-me as rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti”
(As rosas não falam – Cartola)
Penso que as alegrias são de vidro, que ao mínimo descuido podem se quebrar.  Acho bonita a alegria das pessoas, acho bonita a alegria e acho bonitas as pessoas... Pelos caminhos serpentinas e pecados anunciam o período em que o povo se permite anestesiar das dores e dos conceitos, da moral e dos bons costumes, da obrigação e da sanidade... É carnaval!
Mas enquanto isso, eu... “queixo-me as rosas”...
Lá fora tudo acontece, as boas moças deixam a castidade em casa, os paraísos são reinventados, e isso é tão livre! O Brasil parou, está tudo colorido à espera da próxima música, do próximo bloco, da próxima escola de samba, do próximo samba, dos tantos quase e efêmeros amores... É carnaval!
Mas enquanto isso, eu... “Queixo-me as rosas”...
Lá fora tudo acontece, foliões trajam suas fantasias e as máscaras escondem todas as tristezas, e isso é tão bonito! As paixões mais avassaladoras duram minutos, é menos que uma cena de filme, menos que um capítulo de novela, é tão ilusório que chega a arder como a realidade, é tão real que chega entorpecer como a ilusão... É carnaval!
Mas enquanto isso, eu... “Queixo-me as rosas”...
Eis o maior protesto do mundo, em que todos saem de casa só e simplesmente para sorrir sem culpa, sem pudor, sem medo; um país protestando contra a tristeza dos fatos, contra os fatos, contra a tantas vezes massacrante realidade, contra a realidade, é uma alegria sem pressa, sem sentido, uma alegria crua, despida de qualquer consciência... É carnaval!
Mas enquanto isso, eu... “Queixo-me as rosas”...
Eis o mais completo espetáculo teatral da história, a deixar os rituais dionisíacos no chinelo. Ontem já esqueceram, amanhã ainda não sabem, mas hoje, hoje os corações são prostíbulos, sem casa, sem aliança, sem tempo, sem contratempo, hoje ama-se o agora e não lamenta-se o fim dos sambas. Toda gente e ruas e blocos e músicas, não há julgamento, não há intenção... É carnaval!
Mas enquanto isso, eu... “Queixo-me as rosas”...
Não, não por meu coração ter estado meio verde, meio rosa como sempre esteve o de Cartola;
Não por ter tanta gente, tantas ruas, tantos blocos, tantas músicas;
Nem mesmo por nos caminhos haver tantas serpentinas e pecados;
Mas apenas por pensar que as alegrias são de vidro e que ao mínimo descuido podem se quebrar, mas apenas por achar bonita a alegria das pessoas, e por achar bonita a alegria e por achar bonitas as pessoas...  Só por isso eu... “Queixo-me as rosas” enquanto é carnaval! Tiara Sousa

6 comentários:

Unknown disse...

Belíssimo texto, frases perfeitas, construção impecável.

Alternativo disse...

Obrigada, o escrevi com muito carinho.

Resenhas da Viviane disse...

Parabéns pelo artigo muito bonitas as suas palavras! Foi um grande prazer conhecer o seu espaço.

Viviane Almeida
http://bibliaf.blogspot.com.br/

Uma nota disse...

Imagine se as rosas falassem....Ui..muito bom!!! beijos nega!!!

Alternativo disse...

Obrigada Viviane! Que bom que gostou!

Alternativo disse...

Uma nota só, imagino ás vezes que as rosas falam... Obrigada!!!