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da imagem: Blog Maaxpaiin
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Aprendemos
a fingir, fingir que estamos bem pra não incomodar, fingir alegria pra não
entorpecer os ambientes, fingir orgasmos pra não insultar egos. Aprendemos a
fingir pra parecer menos humanas pra humanidade, sempre tão desumana em seus
julgamentos. E enquanto a lua desfila pelo céu, entregamos nossos corações.
Brigamos
por nada, mas é que nada também sabe doer, nada é coisa demais. Nos habituamos
a ser conduzidas, nos realizamos com olhares puros que não nos foram concedidos.
A nossa cor é rosa, porque é assim que vemos o mundo. Cheio de borboletas e
luzes e corações e flores... E duendes e fadas.
Sofremos,
porque carregamos a força de todas as rochas e a fragilidade de todos os vasos
de flores. Somos assim... Moças, em essência.
Choramos
nos filmes românticos, caminhamos pelos poemas de Camões, nos inflamamos nos
romances de Nicholas Sparks, nos envolvemos nas canções de Chico. Não temos
meio termo, entramos inteiras nas histórias, nos despedaçamos nas desilusões.
Sabemos
ser doces, e ter pele. Sabemos usar nossas curvas, e ter sonhos. Conhecemos o
idealismo e tememos a realidade. Sabemos ter pureza fazendo amor e ter sede
simulando infinitos.
Entendemos
da dor, a dor é como um retrato em preto e branco, eternizado por um sorriso ou
uma pose forçados, insuperável imagem, e depois dela a constatação triste e cínica
de que nunca mais aquela pose, aquele sorriso forçado, aqueles traços e linhas
e luzes. Somos assim... Moças, em essência.
Superamos
os fins dos pra sempre. Superamos o adeus e o até logo. Mas guardamos as
cicatrizes, relembramos as histórias, nos tornamos maiores depois das lágrimas.
Porque enquanto choramos e sangramos decepções, arcamos com as fomes do mundo.
Arcamos com o mundo. Arcamos com a fantasia.
Devolvemos
em cuidados e recatos e graça toda a dor que recebemos. Porque somos sensíveis
como as rebeldes cores de Frida Kahlo, e sentimos tanto, que conseguimos abrir
os olhos e ver o mundo de um jeito que nem se vê mais, como um dia já viram as
mulheres de Atenas.
Desacatamos
o recato com bons modos, nos conformamos com menos do que sonhamos, sempre
menos, nos perdemos em libidos sentidas no corpo e na alma. Mais na alma. Exageramos
sempre ao amanhecer, reclusas a sorrisos que nunca são completos. Somos
assim... Moças, em essência.
Rosas
de aço, bonecas de vidro, paisagens vivas, tão vivas. E no fundo, por dentro do
aço, além do encanto e do mistério, dos papos reveladores e feministas, das
danças e da leveza, dos sussurros, insanidades, atos impensados, punições e
gemidos, ainda somos, ainda sempre seremos aquelas meninas, aquelas belas e
tolas e tontas meninas dos olhos dos nossos pais.
Mas
nunca esqueçam rapazes, que mesmo quando já conhecemos o sofrimento, quando já
estamos intimas da dor, quando já aceitamos a realidade, quando já fomos
feridas em graus incomparáveis, quando já aprendemos a contestar os olhares
julgadores. Mesmo assim, ainda somos moças, as quais certas palavras matam, certos
olhares partem ao meio, certos desejos constrangem. E seremos assim, aos 8 ou
aos 80... Moças. Em essência. Tiara Sousa.
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